“Quem come calafate retorna”, dizem na região de Magalhães. Aqui, no extremo sul do mundo, este fruto tem uma grande relevância, não somente como ingrediente característico de diversos pratos típicos, mas também como um arraigado elemento cultural. Além disso, estudos científicos o consideram um superalimento, capaz de brindar múltiplos benefícios à saúde devido à grande concentração de antioxidantes.
O calafate, conhecido cientificamente como Berberis microphylla, é um arbusto espinhoso que se encontra exclusivamente na região das Patagônias Chilena e Argentina. Suas folhas são sempre verdes, tem pequenos espinhos e pode medir até um metro e meio de altura. Entre outubro e janeiro apresenta flores amarelas e durante o verão aparece seu fruto: uma deliciosa baga de cor negra azulada.
Quando visitar o Parque Nacional Torres del Paine terá a possibilidade de ver esta planta durante suas excursões. Geralmente ela cresce de forma isolada, buscando luz direta em clareiras próximas a bosques de ñirre, coigüe e lenga. Os guanacos e outras espécies que comem seu fruto são fundamentais para dispersar suas sementes através das fezes.
O calafate e sua raiz na cultura patagônica
Conta a lenda que Calafate era o nome da filha do chefe de uma tribo tehuelche, um dos povos originais da Patagônia. A jovem era muito bonita e respeitada por todos. Um dia, chegou ao clã um jovem selk’nam para cumprir com o ritual de iniciação, apesar do desprezo dos tehuelches por sua etnia.
Calafate e o jovem selk’nam se apaixonaram enquanto as provas eram realizadas. Seu relacionamento não era aceito pelo chefe da tribo tehuelche e, por isso os jovens fugiram em segredo. Quando o pai descobriu que sua filha havia fugido se enfureceu e pediu ajuda à feiticeira da tribo, uma sábia anciã que explicou que não poderia fazer nada para impedir o amor que eles sentiam, mas, sim, existia uma maneira de mantê-los separados para sempre: com sua magia ela transformou a jovem Calafate em um arbusto com espinhos.
O jovem selk’nam procurou incansavelmente sua amada na estepe patagônica até que, um dia, muito triste e exausto, pediu ajuda aos espíritos, que comovidos pela sua situação, o transformaram em uma veloz ave para que pudesse continuar sua busca voando. Assim, ele finalmente pousou sobre um arbusto, provou seus frutos roxos e reconheceu no mesmo instante que esta doçura surgia do coração de sua amada Calafate, ficando aí até morrer.
Por este motivo, dizem que as pessoas que provam este fruto estão destinadas a voltar, já que não é possível se separar do amor que existe no Calafate.
A gastronomia associada ao Calafate
Devido às suas propriedades medicinais e ao seu alto valor nutricional, este fruto foi colhido e utilizado pelas comunidades ancestrais da Patagônia durante muito tempo. Isto colocou o calafate como um símbolo da gastronomia local e parte do patrimônio cultural desse território.
É possível encontrá-lo em receitas de todos os tipos, principalmente em sobremesas, tortas e coquetéis. Geralmente é consumido como fruta fresca, mas também em forma de marmelada, geleia, xaropes e licores. Além disso, devido aos benefícios que gera para a saúde, é desidratado e liofilizado para o desenvolvimento de cápsulas medicinais.
Um dos produtos mais conhecidos da região e também um dos mais solicitados no bar do Tierra Patagonia é o Calafate Sour, uma variação do tradicional pisco sour que, em lugar do amarelo dos limões, ostenta uma impressionante cor púrpura.
No menu do Tierra Patagonia é possível encontrar outros coquetéis que contêm o licor de calafate, bem como algumas cervejas que o utilizam em sua elaboração. Tanto a cozinha como o bar do hotel geralmente surpreendem os hóspedes com requintadas receitas que têm como base o calafate.
Se você deseja aprender mais sobre o calafate, desfrutar de suas receitas e da cultura magalhânica, te convidamos a visitar o Tierra Patagonia. Aqui você encontrará aventuras inesquecíveis e um merecido descanso para suas férias, em um entorno privilegiado em frente ao Parque Nacional Torres del Paine.