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Chiloé e suas aves migratórias

Diego Salas

Em 9 de maio foi celebrado o Dia Mundial das Aves Migratórias, que busca conscientizar a população sobre a importância da conservação das aves migratórias e seus hábitats, além de sensibilizar sobre as ameaças que estas espécies enfrentam, sua relevância ecológica e a necessidade de cooperar para protegê-las.

São mais de 20 as espécies de aves migratórias que chegam a Chiloé todos os anos. Algumas vêm do sul, outras do norte e também da Cordilheira dos Andes. Seus lugares favoritos são os pantanais costeiros, como o Pullao e os bosques sempre verdes que usam para nidificar, descansar e/ou se alimentar.

A migração geral obedece as mudanças climáticas, disponibilidade de alimentos e necessidade de reprodução. É um ciclo sazonal de idas e vindas em que estas aves procuram tirar vantagem de certas condições favoráveis.

As aves migratórias se classificam em distintos grupos de acordo com seu deslocamento:

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Migração Boreal: São aquelas espécies que deixam seus locais de nidificação no Ártico para percorrer milhares de quilômetros para o sul durante o inverno boreal. São capazes de chegar até a Terra do Fogo, ou seja, viajam de um hemisfério do planeta a outro. Dentro deste grupo destacam-se em Chiloé as seguintes aves:

  • Pitotoy grande (tringa melanoleuca): Vai do Ártico até a América do Sul a cada verão e em Chiloé é encontrado normalmente sozinho ou em grupos pequenos, alimentando-se de invertebrados em estuários e margens costeiras protegidas.
  • Maçarico de Baird (calidris bairdii): Um visitante frequente que chega a Chiloé no verão e geralmente se reúne em bandos de 10 a 20 indivíduos, percorrendo a margem costeira interior. Também se estabelece nas praias mais expostas ao oceano.
  • Maçarico real (numenius phaeopus): Uma das espécies migratórias mais comuns durante o verão em Chiloé. Pode ser encontrado solitário em todos os tipos de praias, enquanto que no pantanal pode ser visto em grupos de centenas. Viaja do Alasca e o Canadá até a Terra do Fogo.
  • Maçarico real de bico reto (limosa haemastica): É a ave migratória de maior abundância que escolhe Chiloé como seu hábitat para passar o inverno boreal. Os pantanais da região oriente do arquipélago são suas principais regiões de alimentação. Estima-se que ao redor de 20% da população mundial de maçaricos são encontrados no Pantanal de Pullao.
  • Águia pescadora (pandion haliaetus): Ave voraz que chega a Chiloé vinda do centro-sul dos Estados Unidos em busca de peixes, principalmente em grandes rios interiores.
  • Maçarico vira pedras (arenaria interpres): Bela, mas pouco abundante ave praieira de Chiloé. É possível observá-la em pequenos bandos alimentando-se perto da água. Com sorte e muita paciência, é possível vê-la revirando as pedras para encontrar sua comida.

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Migração neotropical: É aquela que acontece da região sul dos Estados Unidos, México, América Central e o norte da América do Sul. Em Chiloé podemos encontrar as seguintes espécies:

  • Guaracava de crista branca (elaenia albiceps): É a única espécie migratória neotropical que nidifica em Chiloé durante o verão. Chega em outubro e abandona o arquipélago em abril com destino à região amazônica do Brasil.
  • Rayador (rynchops niger): Vem da região neotropical e chega ao sul do Chile durante outubro, dispersando-se entre os pantanais do Arquipélago de Chiloé. Caracteriza-se pela vistosa listra que deixa na água quando faz seu voo buscando alimento.

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Migração Austral: Este grupo inclui todas as espécies que nidificam no cone sul, especificamente na região patagônica do Chile e da Argentina, e migram em direção ao norte durante os meses de outono e inverno. As aves deste tipo encontradas em Chiloé são:

  • Tarambola de colarinho duplo (charadrius falkandicus): É uma pequena ave praieira que durante o inverno viaja da Terra do Fogo até Chiloé. Em seguida volta ao extremo sul do Chile, onde nidifica. Alguns grupos ficam em zonas mais ao norte durante o ano todo.
  • Tarambola chilena (charadrius modestus): É um dos visitantes mais comuns durante o inverno na margem costeira de Chiloé. Alimenta-se em planícies intermareais, como o pantanal de Pullao, buscando invertebrados nas horas de maré baixa.
  • Mergulhão de orelha amarela (podiceps occipitalis): Pequena ave de hábitos totalmente aquáticos que chega das lagunas patagônicas, onde nidifica durante o inverno. Chega a mergulhar nas águas do arquipélago de Chiloé em grandes grupos até o mês de outubro.
  • Flamingo chileno (phoenicopterus chilensis): Sem dúvida, uma das aves migratórias mais impressionantes que chegam a Chiloé no outono a partir do pampa patagônico e ficam até agosto, quando regressam a suas áreas de reprodução nas lagoas interiores.

 

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Migração altitudinal: Neste grupo estão as espécies que realizam movimentos de e para a Cordilheira dos Andes, vales centrais ou costa, onde buscam alimentos antes de regressar a suas áreas de reprodução em regiões mais altas. Deste tipo, em Chiloé encontramos as seguintes aves:

  • Gaúcha de cara suja (muscisaxicola macloviana): Esta ave se desloca no inverno por todo Chile ao mesmo tempo e em diferentes direções. Depois volta para a pré-Cordilheira a seus locais de reprodução sobre o limite das árvores.
  • Churrete chico (cinclodes oustaleti): É comum ver esta ave buscando alimento em zonas urbanas. Ela move-se da Cordilheira até a costa durante o inverno, e se mantém aí entre abril e outubro.
  • Viudita (colorhamphus parvirostris): Fugindo do frio e da neve no inverno, desde a pré-Cordilheira arborizada da região austral do Chile até o norte e outros bosques próximos do nível do mar, esta ave espera a primavera em Chiloé antes de regressar a seus locais de nidificação.

Durante as excursões que temos preparadas no Tierra Chiloé é muito provável que você encontre algumas destas espécies migratórias. Se está interessado na observação de aves, nossos guias estão completamente capacitados para te ajudar, sempre respeitando o meio ambiente. Seja você experiente ou apenas fã, esta experiência te conectará com a natureza de uma maneira muito especial.